quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Inquietude Agreste

A família passava agora um momento difícil, um período avassalador avizinhava-se.
A casa estava quieta, as pessoas neste espaço viviam outro. Viviam a rua, local agreste. Família não existia, existiam pessoas em espaço comum, a casa quieta.
No quarto, um corpo em repouso sobre a cama. Era vulgar, pelos menos aos primeiros instantes de observação. Seria-o?
O rapaz olhava o vazio, o vazio da família, o vazio da casa que nem família tinha. Olhava o vazio do irmão, o vazio que era a rua ainda que em casa, na casa cheia de adversidade. Focava a falta ainda que no seio de uma família, no que deveria ser uma vida. No seio do quotidiano a  que sobreviviam diariamente. Dia após dia.
Era então vulgar, esse rapaz da cama. Era tudo, poderia ser tudo. Não o era.
Ele, era consequência da família que não o era, consequência dos destroços da casa quieta que se iam espalhando e evoluindo assim que pelo agreste iam passando.
Ia então o rapaz sendo nada, podendo ter sido algo. Chegando por vezes ,ainda que dúbias, a ser.
Era então produto da humanidade, da sociedade a que chamavam família. Era ele confusão, da confusão de que provinha, à qual conhecem por família, amigos, sociedade.
Era ele um zombie culpa da ingenuidade de criança que o consumia agora apoderando-se dele por completo. Ia então apodrecendo à medida que se conhecia.
Organização, certezas, estabilidade, consciência, entre outras coisas, era o que lhe faltava. Como consegui-las?
E acreditava. O rapaz acreditava na mudança, ou sonhava, pelo menos, possuí-la. Ser dono da verdade e do mundo. E talvez pecasse aí.
Era ele que não o era, era a família que não o era, era a casa quieta que não o era.
Casa apenas, inquietude agreste...

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